Escassez de Profissionais de Saúde: Impactos e Soluções da OMS

Equipe médica reduzida atendendo muitos pacientes em hospital lotado

Nos últimos anos, vivenciamos debates intensos sobre o futuro da saúde em todo o mundo. O que antes parecia distante hoje é realidade: a escassez de profissionais de saúde se tornou um dos principais desafios globais enfrentados por médicos, enfermeiros, gestores e até pacientes. A pergunta não é mais se haverá falta de profissionais, mas o quanto ela já afeta a qualidade dos serviços, o bem-estar dos trabalhadores e o acesso da população à saúde.

A escassez de profissionais de saúde não é um problema futuro. Já estamos vivendo os seus efeitos agora.

Neste artigo, vamos apresentar o panorama segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e discutir como a falta de profissionais impacta hospitais, clínicas e a rotina de quem atua no setor, além das alternativas apontadas para mitigar esse cenário preocupante.

O que mostram os números globais sobre escassez?

A OMS tem publicado dados cada vez mais alarmantes sobre a insuficiência de profissionais de saúde, especialmente em regiões onde o sistema já é pressionado. Segundo um relatório de 2025, existem atualmente quase 28 milhões de enfermeiros no mundo, porém ainda faltam cerca de 5,9 milhões de profissionais para atender à demanda global. E esse número não para de crescer.

Quase 90% da escassez de enfermeiros se concentra em países de baixa e média renda, tornando o acesso à saúde ainda mais desigual. Até 2030, a previsão é que a falta chegue a 5,7 milhões de enfermeiros, com o problema ainda mais crítico em regiões como África, sudeste da Ásia e leste do Mediterrâneo.

Nas Américas, um relatório da OPAS de abril de 2025 revela que 14 dos 39 países não têm profissionais suficientes para suprir as necessidades básicas de saúde. Sem agir rapidamente, a região pode chegar a 2030 com um déficit entre 600 mil e 2 milhões de trabalhadores de saúde, prejudicando ainda mais o acesso à saúde de qualidade.

Impactos visíveis no dia a dia dos hospitais e clínicas

Os efeitos dessa escassez já podem ser sentidos tanto por quem recebe atendimento, quanto por quem atua na linha de frente. Entre as consequências apontadas pela OMS e diversos relatórios internacionais, destacam-se:

  • Superlotação dos serviços de saúde: com menos médicos, enfermeiros e outros profissionais, os hospitais atingem rapidamente sua capacidade máxima, atrasando procedimentos e consultas.
  • Cansaço extremo das equipes: a sobrecarga de trabalho causa exaustão física e mental, aumentando o risco de erros e diminuindo a satisfação no trabalho.
  • Filas cada vez maiores: pacientes precisam aguardar mais tempo por consultas, cirurgias e exames, resultando em piora no quadro de saúde de muitos deles.
  • Possibilidade real de erros médicos: jornadas longas e equipes reduzidas são terreno fértil para falhas, colocando em risco a segurança dos pacientes.
  • Dificuldade em manter serviços especializados: certas áreas, como cuidados paliativos e terapia intensiva, são ainda mais impactadas pela ausência de profissionais qualificados.

Um exemplo desse cenário encontra-se no alerta conjunto divulgado pela OMS e Ministério da Saúde brasileiro em novembro de 2025: um em cada 12 hospitais no mundo está em situação crítica, podende paralisar suas atividades por causas como a escassez de pessoal ou eventos climáticos extremos. Com o clima mais instável, as estruturas hospitalares ficam ainda mais vulneráveis, elevando em 41% os riscos de interrupção em comparação a 1990.

Filas de pacientes em hospital com poucos profissionais de saúde Quais são as principais causas da falta de profissionais?

A escassez de profissionais de saúde é um problema complexo, com raízes profundas nas condições sociais, econômicas e políticas de cada país. Entre os principais motivos apontados nos relatórios da OMS estão:

  • Baixos salários: a carreira na área da saúde exige anos de estudo, atualização contínua e, muitas vezes, enfrentamento de situações extremas. Quando o reconhecimento financeiro não acompanha o esforço, muitos profissionais buscam outras carreiras ou até abandonam a profissão.
  • Más condições de trabalho: hospitais superlotados, falta de estrutura adequada, poucas oportunidades de desenvolvimento e risco constante de violência ou assédio são fatores que afastam novos talentos.
  • Migração para países com melhores oportunidades: regiões como Europa e América do Norte se tornam atrativas, principalmente para profissionais altamente qualificados de países mais pobres. Um relatório da OMS sobre a Europa mostra que, entre 2014 e 2023, o número de médicos formados no exterior aumentou 58%, e o de enfermeiros, 67%. Só em 2023, 60% dos novos médicos e quase três quartos dos novos enfermeiros eram oriundos de outros países.
  • Aposentadorias em massa: muitos países não conseguem repor, na mesma taxa, os profissionais que deixam o mercado de trabalho por aposentadoria.
  • Formação insuficiente: investimentos baixos em educação e treinamento reduzem o ingresso de novos profissionais preparados para os desafios atuais.

Com todo esse cenário, presenciamos um desestímulo crescente. Muitos profissionais relatam exaustão, frustração e até vontade de abandonar suas funções, o que, em nossas conversas na SegureMed com médicos e enfermeiros de diferentes regiões, revela ser um sentimento cada vez mais presente.

As consequências para sistemas nacionais de saúde

Sistemas públicos e privados de saúde sentem, em diferentes intensidades, os efeitos da escassez. Países ricos conseguem importar profissionais de outros lugares, mas aumentam a fragilidade dos países de origem dessas pessoas. Já em países pobres, com menos recursos e menor remuneração, é ainda mais difícil manter equipes completas.

Segundo o relatório mais recente da OPAS, se nada for feito, teremos:

  • Mais mortes evitáveis por falta de cuidado médico rápido e adequado
  • Piora nos índices de saúde materna e infantil
  • Desigualdade crescente no acesso à saúde básica e especializada
  • Elevação nos custos dos sistemas, com maior gasto em emergências e tratamentos tardios
  • Redução da expectativa de vida em várias regiões

Já observamos, por exemplo, hospitais que suspendem serviços, fecham leitos ou priorizam apenas os casos mais graves. Esse ciclo cria uma bola de neve de problemas, e evidencia que a falta de profissionais não prejudica apenas o sistema de saúde, mas afeta diretamente a sociedade em todos os aspectos.

Quando faltam médicos e enfermeiros, todos perdem: profissionais, pacientes e o próprio país.

Como se sentem os profissionais na linha de frente?

Em nossa experiência no atendimento a médicos e clínicas na SegureMed, confirmamos o que os relatórios internacionais vêm destacando: o clima dentro das equipes de saúde é de esgotamento emocional, ansiedade e frustração constante.

Jornadas de trabalho exaustivas, poucas oportunidades de descanso e a sensação de não conseguir oferecer um atendimento digno são parte da rotina. O crescimento de casos de síndrome de burnout, licenças médicas e afastamentos só evidencia a urgência de novas abordagens para cuidar de quem cuida.

  • Trabalhadores sobrecarregados relatam aumento da irritabilidade
  • Muitos cogitam mudar de área ou buscar oportunidades no exterior
  • Crescem conflitos internos nas equipes e falhas de comunicação
  • Conversamos sobre estratégias para melhorar esses pontos nessa análise sobre gestão de conflitos em equipes clínicas
  • Profissionais mais jovens perdem o interesse pela carreira quando observam a dificuldade dos mais experientes

Se não conseguirmos mudar esse cenário, o ciclo de esgotamento só tende a se agravar. Isso reforça a necessidade de não apenas pensar em números de profissionais, mas também nas condições que tornem a carreira atrativa e sustentável.

Equipe de saúde exausta em sala de descanso hospitalar Propostas da OMS e caminhos para solução

A OMS tem sinalizado diversas medidas para tentar reverter ou, ao menos, conter esse cenário. Entre as principais recomendações, vemos:

  1. Investir na formação e capacitação: Ampliar o número de vagas em cursos da área e garantir qualidade na formação, inclusive em países de baixa e média renda.
  2. Melhorar salários e condições de trabalho: Reconhecer financeiramente o esforço e criar um ambiente mais seguro, saudável e respeitoso, para que os profissionais permaneçam no setor.
  3. Valorizar a saúde mental das equipes: Implementar programas de apoio psicológico, jornadas justas e cultura de autocuidado.
  4. Desenvolver políticas para fixação dos profissionais: Estímulos, benefícios regionais e planos de carreira que incentivem médicos, enfermeiros e técnicos a atuarem em áreas mais vulneráveis.
  5. Incentivar a inovação e tecnologia: Soluções digitais, telemedicina e outras ferramentas podem ajudar a reduzir a sobrecarga e facilitar o trabalho das equipes, mas nunca substituirão o cuidado humano.

Essas iniciativas não são milagrosas, mas, se implementadas de forma consistente, podem preparar o caminho para um futuro menos desigual.

Valorizar o profissional de saúde é garantir cuidado de qualidade para toda a sociedade.

Na SegureMed, acreditamos na importância de cuidar de quem cuida, não apenas com seguros personalizados, mas orientando sobre proteção de renda, saúde mental e carreira. Conheça conteúdos sobre proteção de renda e seguro funeral para profissionais da saúde, aliados importantes em um cenário de incertezas.

Impacto futuro: o que esperar se nada mudar?

Os relatórios internacionais são claros: sem mudanças rápidas, a tendência é piora em todos os indicadores de saúde pública. O agravamento da escassez deve levar a:

  • Aumento das mortes evitáveis, especialmente em regiões rurais e periféricas
  • Filas ainda mais longas e tempo de espera crescente por procedimentos simples
  • Elevação de custos para pacientes, famílias e governos
  • Desgaste emocional extremo dos profissionais restantes, acelerando pedidos de demissão e migração
  • Piora da imagem da saúde pública perante a população

Para evitar esse futuro, defendemos não apenas mais contratos, mas uma cultura de respeito, proteção integral e investimento humano.

Sabemos que o planejamento financeiro e sucessório também é uma das ferramentas para médicos e clínicas se protegerem de cenários difíceis, como mostramos neste artigo sobre planejamento sucessório.

Conclusão: nosso papel e responsabilidade diante da escassez

A escassez de profissionais de saúde é um dos maiores desafios da nossa geração. Ela restringe o acesso, sobrecarrega hospitais e coloca em risco tanto pacientes quanto profissionais. A OMS sinaliza que, sem intervenção, teremos ambientes cada vez mais inseguros, equipes exaustas e milhões sem atendimento adequado.

Nós, da SegureMed, acreditamos que proteger quem faz a saúde acontecer é, antes de tudo, construir uma sociedade mais equilibrada e sustentável. Seguro de responsabilidade civil, proteção financeira e apoio em momentos críticos são apenas parte do nosso compromisso. Seguimos lado a lado com médicos, enfermeiros e gestores, fornecendo conhecimento de valor para decisões melhores e mais seguras.

Vamos além da teoria, ajudamos você a aplicar o que realmente funciona. Conheça mais sobre nosso trabalho, se informe em nosso blog e conecte-se com um especialista da SegureMed para cuidar, também, da sua segurança e tranquilidade na carreira.

Perguntas frequentes

O que é escassez de profissionais de saúde?

Escassez de profissionais de saúde ocorre quando o número de médicos, enfermeiros, técnicos e outros trabalhadores é insuficiente para atender toda a demanda da população, resultando em sobrecarga e atrasos no atendimento. Isso pode ocorrer por motivos como baixos salários, más condições de trabalho e migração dos profissionais para outros países.

Quais os principais impactos dessa escassez?

Superlotação em hospitais, maior tempo de espera para consultas e cirurgias, aumento dos erros médicos e agravamento das condições de saúde dos pacientes são alguns dos principais impactos. Além disso, intensifica o cansaço e a frustração entre os poucos profissionais disponíveis, como vemos em estudos internacionais recentes.

Como a OMS propõe resolver o problema?

A OMS recomenda investir na formação de mais profissionais, melhorar salários, criar melhores condições de trabalho, valorizar a saúde mental das equipes e incentivar a permanência dos trabalhadores em áreas mais carentes. Também sugere o uso de novas tecnologias para apoiar as equipes de saúde, porém sem substituir o contato humano e o cuidado direto com o paciente.

Onde faltam mais profissionais de saúde?

A escassez é mais severa em países de baixa e média renda, especialmente na África, sudeste da Ásia e leste do Mediterrâneo. Contudo, até países das Américas já enfrentam grandes dificuldades, segundo os dados da OPAS e OMS. A desigualdade faz com que regiões rurais e periféricas também sintam os impactos de forma ainda mais acentuada.

Como posso ajudar a melhorar essa situação?

Profissionais já atuantes podem buscar capacitação constante e participar de debates sobre segurança e valorização da carreira. Pacientes podem apoiar iniciativas de valorização dos profissionais e cobrar políticas públicas mais efetivas. Empresas, como a SegureMed, colaboram orientando médicos e clínicas sobre proteção e boas práticas, ajudando a tornar o setor mais seguro e sustentável para todos.

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