Erro Diagnóstico: Um Desafio Crítico para a Segurança do Paciente na Medicina Moderna

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A precisão diagnóstica é um pilar fundamental na prestação de cuidados de saúde de qualidade, e sua importância tem sido cada vez mais reconhecida no âmbito da segurança do paciente. Não é à toa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu este tema para a campanha do Dia Mundial da Segurança do Paciente de 2024.

O processo diagnóstico é intrinsecamente complexo, envolvendo uma série de etapas que vão desde a coleta meticulosa de informações do paciente até a interpretação precisa desses dados. Quando há falhas nessa cadeia de atividades, ocorre o que chamamos de erro diagnóstico.

Segundo a definição da National Academy of Sciences Engineering and Medicine (NASEM), o erro diagnóstico consiste na falha em estabelecer uma explicação precisa e oportuna para o problema de saúde do paciente ou em comunicar adequadamente essa explicação ao mesmo. Entretanto, é importante ressaltar que esta definição não abrange a natureza multifatorial do erro diagnóstico, que envolve aspectos individuais, organizacionais e sistêmicos.

A quantificação precisa dos erros diagnósticos permanece um desafio. Estimativas de especialistas sugerem que a taxa de erro pode variar entre 10% e 15% de todos os diagnósticos, com variações significativas dependendo da condição médica em questão. Por exemplo, enquanto a taxa de erro para infarto do miocárdio é estimada em cerca de 2,2%, para abscesso espinhal pode chegar a 62,1%. Em ambientes críticos como a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), onde os erros diagnósticos podem ter consequências fatais, a taxa estimada é de 6,2% nos primeiros sete dias de internação.

A determinação do número exato de mortes evitáveis causadas por erros diagnósticos é complexa, principalmente devido à falta de códigos específicos para registrar tais erros. No entanto, as estimativas existentes são alarmantes. Estudos sugerem que o número de mortes nos Estados Unidos devido a erros diagnósticos pode variar de 80.000 a 400.000 por ano. Um estudo da Universidade Johns Hopkins, publicado em 2016, estimou 251.454 mortes anuais, colocando o erro diagnóstico como a terceira principal causa de morte nos EUA naquele período.

Análises abrangentes indicam que aproximadamente 25% de todas as mortes por falhas nos cuidados em saúde nos EUA estão relacionadas a erros diagnósticos, resultando em uma estimativa de cerca de 64.000 mortes evitáveis por ano. Para contextualizar a gravidade dessa situação, esse número é comparável ao total de mortes em combate dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial em um período de quatro anos.

Esses dados, embora sujeitos a debate e revisão, destacam a urgência de compreendermos as causas dos erros diagnósticos e desenvolvermos soluções eficazes dentro da perspectiva de segurança do paciente. O desafio do erro diagnóstico é, portanto, uma questão crítica que demanda atenção imediata e esforços concentrados da comunidade médica e de pesquisa para melhorar a qualidade e a segurança dos cuidados de saúde.

Referências:

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Equipe Seguremed

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