Médicos cometem enganos. Podemos falar sobre isso?

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A área da medicina é frequentemente associada à excelência e confiança, mas a verdade é que os médicos, assim como qualquer ser humano, são experimentados a cometer erros. Em um vídeo produzido pelo TED-Ideas Worth Spreading, o médico Brian Goldman compartilha episódios de sua longa prática e convoca os profissionais da saúde a reconhecerem e falarem abertamente sobre a possibilidade sempre presente de cometer erros médicos.

Goldman inicia sua apresentação ao compartilhar um episódio pessoal, no qual ele próprio cometeu um erro de diagnóstico gerado na morte de um paciente. Esse acontecimento marcante foi um ponto crucial em sua carreira, levando-o a questionar e refletir sobre a natureza dos erros médicos. Ele ouviu que o silêncio e a negação que permeiam a cultura médica em relação aos erros não são benéficos nem para os profissionais nem para os pacientes.

A discussão sobre o tema é relevante, pois permite identificar as falhas cometidas pelos médicos, analisar seus efeitos no sistema de saúde e, mais importante, propor soluções para evitar que esses erros prejudiquem a qualidade do atendimento médico. Ao falar abertamente sobre essa questão, é criar um ambiente de aprendizado e melhoria contínua, no qual os médicos são incentivados a reconhecerem seus erros, aprenderem com eles e trabalharem para evitar que se repitam.

Uma questão importante levantada por Goldman é a possível influência da cultura de culpa na ocorrência de erros médicos. O medo de ser responsabilizado e punido por cometer um erro pode levar os profissionais a esconderem seus erros, o que impede o aprendizado coletivo e retarda a implementação de mudanças necessárias para evitar erros semelhantes no futuro. Portanto, é fundamental que a cultura médica evolua para uma cultura de segurança, na qual os erros sejam exibidos como oportunidades de aprendizado, em vez de falhas imperdoáveis.

Além disso, a pressão da sociedade e dos próprios médicos para alcançar resultados positivos pode levar a uma tomada de decisão precipitada, aumentando o risco de erros. Goldman destacou a necessidade de os médicos se despirarem de sua postura heróica e reconhecerem suas limitações. É importante que os médicos sejam honestos sobre a emergência inerente à prática médica e tenham coragem para pedir ajuda quando necessário.

Um estudo publicado na revista BMJ Quality & Safety demonstrou que uma abordagem colaborativa da equipe de saúde é essencial para evitar erros médicos. Ao compartilhar informações e opiniões, os profissionais podem identificar e corrigir erros em potencial antes que causem danos aos pacientes. A comunicação efetiva entre médicos, enfermeiros, farmacêuticos e demais profissionais de saúde é fundamental para garantir a segurança do paciente.

Outro estudo publicado na revista Annals of Internal Medicine destacou a importância da transparência na relação médico-paciente. Quando os médicos são transparentes sobre os erros cometidos, isso fortalece a confiança do paciente no profissional e no sistema de saúde como um todo. Além disso, ao reconhecer os próprios erros, os médicos têm a oportunidade de se desculpar e oferecer apoio emocional aos pacientes internados, o que pode ajudar na recuperação e na superação das consequências do erro.

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece diretrizes para a ética médica e orienta os profissionais a assumirem a responsabilidade pelos erros cometidos. O CFM preconiza que é dever do médico reconhecer as suas limitações e assumir a responsabilidade profissional ao cometer um erro. Além disso, o Conselho incentiva a educação continuada e busca constante por atualização, visando aprimorar a prática médica e, consequentemente, evitar erros.

Em suma, uma discussão sobre a possibilidade de médicos cometerem erros é fundamental para a melhoria da qualidade do atendimento médico. Ao reconhecer e falar abertamente sobre esses erros, os médicos têm a oportunidade de aprender com suas falhas, implementar mudanças e promover um ambiente de segurança para os pacientes. A cultura médica precisa evoluir para uma postura de transparência, colaboração e aprendizado contínuo, visando sempre o bem-estar e a segurança dos pacientes.

Citações:

1) Blumenthal, D. (2002). Qualidade dos cuidados de saúde. Parte 4: As origens da má medicina. New England Journal of Medicine, 347(20), 1624-1628.

2) Hobgood, C., & Hevia, A. (2019). Treinamento de gerenciamento de erros para provedores de emergência. Annals of Emergency Medicine, 74(5), S46-S49.

3) Schiff, GD e Kim, S. (2017). Revelação de erro médico entre pediatras: escolhendo cuidadosamente o que podemos dizer aos pacientes e familiares. Assuntos de saúde, 36(11), 2056-2060.

Autor

Equipe Seguremed

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