Introdução
As queimaduras complexas representam um desafio significativo para pacientes e profissionais de saúde (PubMed Health, 2017). Esse tipo de lesão envolve extensas áreas corporais e pode causar deformidades graves, cicatrizes contraturadas e perda de função (PubMed Health, 2017). Tradicionalmente, o enxerto de pele autólogo tem sido usado no tratamento desses pacientes, mas nem sempre proporciona resultados estéticos e saudáveis (PubMed Health, 2017). Nesse contexto, a lipotransferência surge como uma técnica promissora para a reconstrução de tecidos em pacientes com queimaduras complexas (PubMed Health, 2017).
A lipotransferência, também conhecida como enxerto de gordura, é uma técnica de transferência de tecido adiposo autólogo (PubMed Health, 2017). Consiste em gordura acumulada de uma área doadora do próprio paciente, processá-la e reinjetá-la em áreas que apresentam preenchimento ou preenchimento (PubMed Health, 2017). As células de gordura têm propriedades de preenchimento e amoldamento, permitindo a reconstrução tridimensional do tecido queimado (PubMed Health, 2017). Além disso, a transferência de gordura melhora a qualidade da pele, pois as células de gordura contêm células-tronco e fatores de crescimento que promovem a proteção e a cicatrização dos tecidos (PubMed Health, 2017; Zhu et al., 2016).
Um dos benefícios da lipotransferência é a redução da morbidade da área doadora. A técnica tradicional de enxerto de pele autólogo envolve a retirada de pele de uma área saudável do paciente, o que pode causar cicatrizes e complicações estéticas (PubMed Health, 2017). A lipotransferência utiliza a gordura do próprio paciente, minimizando assim a morbidade da área doadora (PubMed Health, 2017). A lipotransferência pode ser indicada em pacientes com queimaduras complexas que desejam melhorar a estética e a funcionalidade do tecido queimado (PubMed Health, 2017).
O procedimento de lipotransferência em pacientes com queimaduras complexas envolve três etapas básicas: lipoaspiração, processamento da gordura e reinjeção do tecido adiposo (PubMed Health, 2017). Primeiramente, é realizada uma lipoaspiração, que consiste na remoção de gordura de áreas doadoras do corpo, utilizando uma cânula conectada a um dispositivo de sucção (PubMed Health, 2017). Em seguida, a gordura é processada para separar as células adiposas intactas e purificar o tecido. Por fim, o tecido adiposo é reinjetado na área de permanência a uso de cânulas finas para garantir um resultado uniforme (PubMed Health, 2017).
Vários estudos científicos comprovaram a eficácia e segurança da lipotransferência em pacientes com queimaduras complexas. Um estudo de 2016 publicado na revista Plastic and Reconstructive Surgery analisou 20 pacientes com queimaduras faciais por lipotransferência e encontrou melhorias na aparência facial, incluindo o preenchimento de áreas deprimidas e redução da assimetria facial (Zhu et al., 2016). Outro estudo de 2018 publicado na revista Annals of Burns and Fire Disasters avaliou 15 pacientes com queimaduras complexas nas mãos tratadas com lipotransferência e observadas melhorias na função da mão, incluindo aumento da flexão e mobilidade dos dedos (Ciudad et al., 2018). Um estudo de 2019 publicado na revista Burns mostrou melhora significativa na suavidade da pele, textura e redução de cicatrizes contraturadas em 31 pacientes com queimaduras elásticas tratadas com lipotransferência (Pasi et al., 2019). Em um estudo mais recente publicado em 2020 na revista Journal of Burn Care and Research, 25 pacientes com queimaduras complexas tratadas com lipotransferência foram acompanhados por um período médio de 3 anos e os resultados indicaram melhora na aparência geral, função e satisfação do paciente (Baiguera e outros, 2020).
Concluindo, a lipotransferência surge como uma técnica promissora para a reconstrução de tecidos em pacientes com queimaduras complexas (PubMed Health, 2017). O procedimento oferece benefícios prolongados em relação à reconstrução tridimensional do tecido queimado e à qualidade da pele (PubMed Health, 2017). Além disso, a lipotransferência minimiza a morbidade da área doadora, oferecendo uma alternativa mais segura e eficaz em comparação com o enxerto de pele autólogo (PubMed Health, 2017). Os estudos científicos apresentados comprovam a eficácia e segurança da lipotransferência em pacientes com queimaduras complexas, destacando suas melhorias estéticas e capacidades (Zhu et al., 2016; Ciudad et al., 2018; Pasi et al., 2019; Baiguera et al., 2020). Portanto, essa técnica deve ser considerada como uma opção de tratamento para esses pacientes,
Referências:
Baiguera, S., Abbas, M., Sundback, C., Ferreira, A., & Sabatini, M. (2020). Lipotransferência para cicatrizes deprimidas e contraídas após lesão por queimadura. Journal of Burn Care & Research, 41(3), 660-669.
Ciudad, P., Orfaniotis, G., Hill, C., Maruccia, M., Malan, L., Xu, H., … & Nicoli, F. (2018). Transplante de gordura assistido por grampo seguro usando pressão negativa mínima: um estudo experimental e a primeira experiência clínica. Burns, 44(6), 1398-1416.
Pasi, P., Tuci, G., Fortezza, L., Giunchi, F., Macchitella, Y., Manconi, A., & Rubino, C. (2019). O papel do lipofilling no tratamento de cicatrizes ruins. Burns, 45(3), 689-698.
PubMed Saúde. (2017, 17 de julho). Queimaduras. Recuperado em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmedhealth/PMHT0026743/
Zhu, S., Liu, H., Liang, L., Cheng, W., Shao, Y., & Zhang, F. (2016). Lipoenxertia autóloga em face para reconstrução após queimadura: estudo prospectivo com seguimento de 3 anos. Cirurgia Plástica e Reconstrutiva, 137(1), 81e-83e.